terça-feira, junho 28, 2005

Tito Paris

Trocava os passos, envolvia-se no som e na multidão. Dançava embalado nas ondas que vêm de longe, de mansinho, abraçado nos braços quentes. E a voz que cantava… morna.


quarta-feira, junho 22, 2005

Moçambique - Gurué

Regressava diferente… sempre. Quando viajava entranhava-se no meio das gentes, dos lugares, até os cheiros e os sabores serem seus. Parava e escutava, olhava e aprendia e vivia como eles.
Quando regressava trazia imagens, afectos, vivências… experiências de vida que não se esquecem… lições de simplicidade.
Quando regressava, vinha diferente… e à volta tudo igual!

sexta-feira, junho 17, 2005

Cumplicidades

Tocou á campainha. Subiu os degraus devagar, com as mãos nos bolsos. Sorriu a medo, entrou embaraçado. Sentia os olhares poisarem sobre ele. Apenas conhecia a aniversariante, cruzou a sala e as conversas, passava inquieto e não seguro. Refugiava-se incógnito com um rissol na mão, guardanapo na outra.
Encaminhou-se à varanda, apetecia-lhe gritar. Fitou a atenção em alguém, a expressão do olhar tornava-a cúmplice… ficaram amigos.


quinta-feira, junho 16, 2005

Robert Capa

Às vezes fechava os olhos e guardava a imagem. O negativo permanecia-lhe gravado na memória. Não eram raros esses momentos, enquadrava o cenário, estudava os pormenores e fixava instantes de uma realidade fugaz...



“ Robert Capa foi considerado o melhor fotógrafo de guerra com apenas 25 anos. Em plena guerra civil de Espanha escreveu com luz a mágoa dos soldados. Viveu intensamente e retratou-a tal como viveu, em turbilhão. Mas com imensa sensibilidade.”

quarta-feira, junho 15, 2005

Marcar a diferença




Percorria as ruas decidido, olhando em frente. Não lhe importava o destino, apenas o momento para pensar. Passo a passo, avançava em silêncio. Recordava quem sempre acreditou que se pode marcar a diferença, quer seja na política, na poesia, na escrita, na arte. Acima de tudo na vida e na postura que devemos aos outros e nós próprios. Caminhava sozinho, mas não estava só…

quinta-feira, junho 09, 2005

Shannon Wright




Havia nela qualquer coisa que o encantava. Seria o sorriso, talvez a forma como se aproximava com o seu “passo inseguro”. Assustava-o o facto de se sentir susceptível ao mais leve gesto que fazia…
Enquanto a seguia com o olhar desbravava sentimentos contraditórios. Se por um lado se fazia de forte por outro a sua voz dominava-o…

Mondovino

Acabou de jantar num restaurante nepalês, sorvia a conversa de alguém que tinha viajado à pouco tempo por aqueles lados. Colocou os cotovelos em cima da mesa. As diferentes culturas fascinavam-no, secretamente guardava o desejo de um dia partir à descoberta…
Desceu as escadas e sentou-se no escuro, gostava dos momentos de antecipação. Surgiam pessoas, experiências de vida enredadas em volta de tradições, sábios conselhos e duras realidades. Enalteciam-se os pormenores em detrimento dos primeiros planos. Sorria a pensar que na vida também se apaixonava pelos pequenos detalhes, que são eles que nos tornam cúmplices.
Aos poucos ia-se tornando amigo de alguns, entrava nas suas vidas, percebia os seus receios e partilhava os seus confrontos. E ria com eles, com a genuinidade de quem sabe que tudo é relativo. Falavam-lhe de vinho, mas sobretudo da relação entre as pessoas e os lugares.
Deixou-se ficar na cadeira um pouco mais... nesse dia viajou...


terça-feira, junho 07, 2005

De passagem...



Percorria as ruas espreitando o movimento. Na hora em que a noite dobra o dia vive-se uma transformação na cidade. Trazia consigo um pequeno caderno em que tirava apontamentos sobre situações, pensamentos… estados de alma!
“Ao fim da tarde as pessoas avultam-se na pressa de voltar para casa, olham para o chão e para os autocarros, raramente umas para as outras.”

Caminhos



“...Não passam de vagabundos, (...) fazem isto só pela Arte." Esta frase martelava-lhe a cabeça insistentemente.
Acordou sobressaltado, abriu os olhos com a percepção de que durante a sua vida, ele fora também um vagabundo que preferia percorrer caminhos diferentes daqueles que lhe indicavam. Sentia-se muitas vezes deslocado da realidade em que vivia, não compreendia uma sociedade onde a imagem que passamos é mais importante que a própria pessoa. Renunciava ao sistema viciado de favores e compadrios, não gostava da falta de carácter, não percebia porque é que as pessoas se trocam, se vendem…
Vivia num mundo que galopa em prol de interesses económicos, e onde as pessoas, algumas, vão sendo excluídas.
Sentou-se, respirou fundo, e foi até à janela. Estava um calor que o sufocava. Reparou nas pessoas que passavam apressadas por debaixo da sua janela e espreguiçou o olhar até ao fundo da rua. Acreditava numa outra maneira de estar no mundo, encontrava sentido para a sua vida na simplicidade em oposição ao consumismo que o rodeava. Sentia que a vida não pode ser desaproveitada com coisas mesquinhas. Escolheu outro caminho… há quem lhe chame de alternativo.

sexta-feira, junho 03, 2005

Nação de AlterNativos

... O pano sobe lentamente, uma nuvem de fumo cobre completamente a sala, vislumbram-se corpos que ondulam mas nunca nítidos. A empregada deambula por entre as mesas e de vez em quando senta-se com os clientes. Não era a primeira vez que cá vinha e também não tinha na ideia ficar por aquí. Gostava do ambiente, dos sons e das conversas cortadas a meio. A empregada pára. Ele pergunta-lhe - O que vai haver hoje?. Ela senta-se sussurra-lhe ao ouvido - Começam hoje, dizem que são alternativos! Mas se quer saber a minha opinião não passam de vagabundos, nem sequer recebem dinheiro. Fazem isto só pela arte.
Ele encostou-se e ouviu-os mais atentamente...

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